Indizível

Aqui se fala um pouco de tudo. Claro?!!!...de tudo. Até mesmo das coisas INDIZÍVEIS. Criei este espaço para trocar idéias,experiências,emoções e impressões seja disto,daquilo,daquele...Permita-se

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Você é assim...

Postado por Sam às 20:35 Um comentário:
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Língua
Gosto de sentir a minha lígua roçar A língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de prosódias E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade (...)(Caetano Veloso)

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Sam
Professora de Língua Portuguesa,especialista em Literatura Comparada
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"Ostra feliz não faz pérola"

“Ostras são moluscos, animais sem esqueleto, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas – são animais mansos – seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem. Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostra felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário. Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostra felizes se riam dela e diziam: “Ela não sai da sua depressão...” Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor. O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de suas aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho – por causa da dor que o grão de areia lhe causava. Um dia passou por ali um pescador com o seu barco. Lançou a sua rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-as para a sua casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras de repente seus dentes bateram numa objeto duro que estava dentro da ostra. Ele tomou-o em suas mãos e deu uma gargalhada de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele tomou a pérola e deu-a de presente para a sua esposa. Ela ficou muito feliz...” Ostra feliz não faz pérolas. Isso vale para as ostras e vale para nós, seres humanos. As pessoas que se imaginam felizes simplesmente se dedicam a gozar a vida. E fazem bem. Mas as pessoas que sofrem, elas têm de produzir pérolas para poder viver. Assim é a vida dos artistas, dos educadores, dos profetas. Sofrimento que faz pérola não precisa ser sofrimento físico. Raramente é sofrimento físico. Na maioria das vezes são dores na alma."
Rubem Alves

o que eu sei.

eu não sei, na verdade, quem eu sou.já tentei calcular o meu valor,mas sempre encontro um sorriso e o meu paraíso é onde estou.por que a gente é desse jeito? criando conceito pra tudo que restou...meninas são bruxas e fadas,palhaço é um homem todo pintado de piada,céu azul é o telhado do mundo inteiro,sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro.mas eu não sei, na verdade, quem eu sou.já tentei calcular o meu valor,mas sempre encontro um sorriso e o meu paraíso é onde estou...eu não sei, na verdade, quem eu sou.perguntar: da onde veio a vida?por onde entrei, deve haver uma saída.e tudo fica sustentado pela fé...na verdade, ninguém sabe o que é!velhinhos são crianças nascidas faz tempo,com água e farinha, eu colo figurinha e foto em documento.escola é onde a gente aprende palavrão,tambor no meu peito faz o batuque do meu coração.mas eu não sei, na verdade, quem eu sou.já tentei calcular o meu valor,mas sempre encontro um sorriso e o meu paraíso é onde estou...eu não sei, na verdade, quem eu sou.perceber que a cada minuto tem um olho chorando de alegria, outro chorando de luto.tem louco pulando o muro,tem corpo pegando doença,tem gente enxergando no escuro,tem gente sentindo ausência...

É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. É tão silencioso. Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão poerfeita. Eu chamo isto de estado agudo de felicidade...

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[Clarice Lispector]

Tema Marca d'água. Imagens de tema por konradlew. Tecnologia do Blogger.